O enfermeiro Alberto Rodrigues da Silva será julgado, nesta segunda-feira (2), pelos crimes relacionados à morte da esteticista Erinalva de Jesus Dias, na qual ele fez uma cirurgia plástica dentro do Hospital Municipal de Lago dos Rodrigues.
O caso aconteceu em 31 de maio de 2023 , quando Erinalva tinha 37 anos. Na época, Alberto afirmou ser médico, mas as investigações apontaram que ele usava um documento falso para fazer cirurgia dentro de hospitais públicos.
Para a família, a Erinalva contou que faria uma cirurgia para retirar uma das trompas. Durante o procedimento, ela passou mal e foi levada ao Hospital Regional Dra. Laura Vasconcelos, que fica na cidade de Bacabal, a cerca de 80 km de Lago dos Rodrigues.
No atendimento, um médico viu que Erinalva de Jesus havia passado por uma cirurgia estética, chamada abdominoplastia, onde é feita a retirada de excesso de pele e gordura do abdômen. A esteticista não resistiu aos procedimentos e acabou morrendo.
Segundo testemunhas, a cirurgia teria sido realizada apenas por um enfermeiro, não habilitado para o procedimento, e dentro do centro cirúrgico do hospital municipal de Lago dos Rodrigues. A esteticista não resistiu aos procedimentos e acabou morrendo.
A diretora do hospital e os profissionais que estavam de plantão afirmaram à polícia não saber que o enfermeiro estivesse realizando o procedimento. Alberto teve o contrato rescindido com hospital, e o Conselho Regional de Enfermagem abriu um procedimento disciplinar contra o profissional.
Enfermeiro que se passava por médico deve ser julgado nesta segunda (2) em Lago da Pedra
O júri popular de Alberto Rodrigues acontece no Fórum de Justiça de Lago de Pedra, nesta segunda (2). O julgamento deveria ter sido realizado em novembro, mas a Justiça decidiu mudar o local. Antes, o local seria em Lago dos Rodrigues, em uma creche, porque o município não possui um espaço destinado ao júri.
O Ministério Público do Maranhão também alegou que uma informação sigilosa sobre o depoimento de uma testemunha foi vazada antes do julgamento, o que poderia influenciar a decisão dos jurados.
Na época da morte de Erinalva, a Polícia Civil do Maranhão chegou a identificar mais uma vítima do enfermeiro Alberto Rodrigues da Silva. A vítima seria uma professora, de 35 anos, que preferiu não ser identificada. Ela é moradora da cidade de Lago da Pedra e afirma ter sido operada pelo enfermeiro, que se passava por médico, sendo que ainda sofre com as sequelas do processo cirúrgico.
A professora relatou que passou por um procedimento cirúrgico, também, no Hospital de Lago dos Rodrigues, após indicação da esteticista Erinalva de Jesus.
A professora afirma que era amiga de Erinalva, sendo que foi a esteticista quem acompanhou ela no dia da cirurgia.
Em entrevista para a TV Mirante, o advogado da professora, Cleves Holanda, afirma que a cliente foi enganada pelo falso médico e teve que passar por uma nova intervenção com o mesmo enfermeiro e até agora lida com as sequelas do processo cirúrgico. Ao saber da morte de Erinalva, a professora ficou abalada.
“Ela fez essa cirurgia reparadora com ele, mas, no entanto ainda sente muitas sequelas, dores, secreções. Enfim, um procedimento que foi feito de forma completamente incorreta e completamente imprudente”, destacou Cleves Holanda.
Ainda segundo o advogado, a professora não sabia que Alberto não era médico.
"Ela fez esse procedimento achando que estava fazendo, de fato, com um médico. Inclusive ele tinha falado pra ela que tinha feito uma especialização em São paulo, que ele era um novo médico aqui da região, que realizava esse procedimento. Um procedimento, que a gente sabe que é um pouco complexo para uma região tão subdesenvolvida quanto a nossa”, disse o advogado da vítima.
Alberto Rodrigues cobrava em média R$ 5 mil por cirurgia, e as pacientes eram operadas sempre no período da noite. Ele também se apresentava como especialista em harmonização facial e corporal, nas redes sociais.
A investigação é de julho de 2022 e aponta que Alberto atuava no Hospital Municipal de Turiaçu com o nome de 'Dr. Guilherme'. Lá, em 2021, ele realizou uma histerectomia, que é a remoção do útero de uma paciente.
A paciente teve vazamento da urina na vagina e ainda passou por uma segunda cirurgia com o enfermeiro. Porém, as complicações continuaram, e ela teve de passar por uma terceira operação, em São Luís.
A Polícia Civil descobriu que Alberto colocou sua foto em um documento de registro profissional com o nome um outro médico.
fonte: g1 Maranhão