A Polícia Federal (PF) prendeu, nesta quinta-feira (28), durante a Operação Bazófia, suspeitos de fraude com o Auxílio Emergencial, benefício financeiro criado para garantir renda mínima aos brasileiros em situação vulnerável durante a pandemia do Covid-19. Com eles foram apreendidos carros de luxo, dinheiro, aparelhos eletrônicos e chips de telefonia.
Até o momento, a investigação indicou que os membros da organização acessavam as contas de beneficiários do Auxílio Emergencial para pagar boletos bancários e esvaziavam os recursos das vítimas.
"Os valores desviados eram transferidos por meio de várias transações, até serem direcionados a contas de 'laranjas', utilizadas para saques ou depósitos. Há indícios de que os investigados também praticavam outras fraudes e faziam uso de outros benefícios sociais", disse a PF em nota.
O objetivo da PF é desarticular a organização criminosa que, além de ser especializada em fraudes envolvendo Auxílio Emergencial, também é suspeita de realizar operações bancárias eletrônicas contra a Caixa Econômica Federal e outros crimes, que estão em apuração.
Segundo a Polícia Federal, os criminosos organizaram um escritório para cometer as fraudes, onde trabalhavam oito funcionários, executando as fraudes bancárias de vários tipos na Caixa Econômica.
"Esse escritório migrou ao longo dos anos a sua localização. Conseguimos identificar o novo escritório, uma casa alugada onde tinham oito funcionários trabalhando só para executar fraude bancária, aqui em Teresina", comentou o delegado Eduardo Monteiro, da Delegacia de Repressão aos Crimes Cibernéticos da PF.
Os criminosos usavam de engenharia social para obter dados da vítima e, com eles, registravam chips telefônicos. Com os chips e os dados, conseguiram o acesso ao aplicativo Caixa Tem, usado para o Auxílio Emergencial.
Para ficar com o dinheiro dos auxílios, eles pagavam boletos destinados a empresas de fachada e, depois, às contas de "laranjas" e/ou dos investigados. "Não era diretamente, é claro. Passavam por outras contas até chegar na deles", explicou o delegado.
Mais de dois mil chips usados na fraude foram identificados pela polícia, que representam o número de vítimas. Outros chips foram encontrados nesta quinta (28) durantes as buscas nos endereços dos investigados que ainda serão analisados.
O delegado explicou que, até o momento, apenas uma parte do prejuízo causado pelo grupo foi identificado, cerca de R$ 130 mil. Mas, para os policiais, o padrão de vida dos investigados demonstra que uma grande quantidade de dinheiro oriunda das fraudes chegou aos bolsos dos suspeitos.
"São jovens, com idades de de 20 a 40 anos, algumas mulheres. Que sustentavam um padrão de vida incompatível com a ausência de renda, na verdade. Não tinham renda lícita nenhuma. Andavam em carros de luxo pela cidade, em boates, festas..." contou o delegado.
A operação desta quinta visava o cumprimento de 33 ordens judiciais expedidas, pela 1ª Vara Federal da Seção Judiciária do Piauí. 11 pessoas foram presas e três permanecem foragidas. Os policiais fizeram buscas em 19 endereços nas cidades de Teresina e Bacabal ( MA).
Entre os presos estão um policial militar do Maranhão, seu pai e seu irmão. Os líderes e boa parte dos membros da organização criminosa são naturais de Bacabal. Contudo, 10 pessoas foram presas em Teresina e apenas uma na cidade maranhense.
A polícia identificou um esquema de lavagem de dinheiro, operado por meio de empresas de fachada, no qual os recursos eram empregados na aquisição de bens visando disfarçar a origem ilícita.
O valor do prejuízo causado pelos criminosos continua em apuração, "devido à complexidade do esquema e à variedade de fraudes identificadas, que incluem não apenas crimes relacionados ao Auxílio Emergencial".
"No entanto, é possível afirmar que os valores desviados são expressivos, com base no padrão de vida ostentado pelos investigados e nos veículos de luxo utilizados pelos membros da organização", afirmou a PF em nota.
Os suspeitos poderão responder pelos crimes de organização criminosa, furto qualificado, lavagem de dinheiro e invasão de dispositivo eletrônico, além de outros que sejam constatados durante a investigação.
A operação desta quinta-feira foi deflagrada dentro do bojo da Operação Não Seja um Laranja, promovida pela Polícia Federal em âmbito nacional, e seu nome provém da ostentação demonstrada pelos investigados em suas redes sociais. Bazófia, segundo o dicionário, significa vaidade exacerbada e infundada; vanglória, presunção.
fonte: g1 Piauí